Doença Renal Crônica

Doença Renal Crônica – Saiba mais sobre essa silenciosa doença

nefrologia3Você sabia que a cada 10 adultos 1 é portador de Doença Renal Crônica ? Ela é mais comum do que se imagina e representa hoje um dos principais problemas de saúde no mundo.

A doença renal crônica (DRC) ou insuficiência renal crônica ocorre quando os rins começam a perder suas funções de maneira lenta, progressiva e irreversível.

Consequentemente, haverá um acúmulo de toxinas e líquidos no organismo, além de deficiência de alguns hormônios produzidos pelos rins como Eritropoietina e Calcitriol (Leia mais: As Funções dos Rins)

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, cerca de 10 milhões de brasileiros já possuem algum grau de perda de função renal e o mais preocupante é que grande parte dessas pessoas não sabem que têm a doença!

Como a progressão da DRC é lenta, o organismo consegue se adaptar a perda de função, por isso a maioria dos pacientes não apresentam sintomas até atingir fases avançadas da doença.

Reconheça os sintomas da Doença Renal Crônica

A doença renal crônica (DRC) é silenciosa, isto é, não produz sintomas até que esteja em estágios avançados.

Somente quando a filtração do rim está abaixo de 50%, é que começam a surgir sintomas como:

  • Fraqueza e indisposição constantes
  • Inchaço
  • Aumento da pressão arterial
  • Urinar várias vezes durante a noite
  • Perda do apetite
  • Emagrecimento

Atenção: a DRC não causa dor! O que geralmente provoca dor nos rins é o deslocamento de um cálculo (cólica renal) e pielonefrite (infecção no rim).

A diminuição na quantidade de urina pode ser um sintoma de DRC se o paciente estiver em estágio terminal, já com necessidade de hemodiálise.

No entanto, muitos pacientes em estágio terminal urinam normalmente, portanto, não se deve usar este parâmetro para avaliar se seus rins estão funcionando adequadamente.

A presença de anemia também pode ser um sinal de DRC. Ocorre pela deficiência de eritropoietina, um hormônio produzido pelos rins que estimula a medula óssea a produzir as células do sangue.

Outro fator que contribui para o aparecimento de anemia nos pacientes com DRC é a absorção reduzida de ferro no intestino. O Ferro é um dos principais elementos na composição dos glóbulos vermelhos, portanto, sua deficiência causará anemia.

Os rins também são responsáveis pela fabricação da Vitamina D ativa (Calcitriol), que participa da regulação dos níveis de cálcio e fósforo do organismo. Como na DRC acontece uma diminuição da produção do Calcitriol, ocorrerá falta de cálcio no corpo e, consequentemente, os ossos ficarão mais fracos e propensos a fraturas.

Como vou saber se tenho Doença Renal Crônica ?

Não se deve esperar os sintomas aparecerem para fazer o diagnóstico de doença renal crônica (DRC).

Uma dosagem de creatinina no sangue e um exame de urina já são suficientes para detectá-la precocemente.

Tirar sangue 3A creatinina é uma substância produzida pelos músculos do corpo e eliminada pelos rins. Por isso, a diminuição na filtração dos rins que ocorre na DRC leva ao aumento dos níveis de creatinina no sangue.

Pelo fato da creatinina ser produzida nos músculos, seus níveis também são influenciados pela quantidade de massa muscular da pessoa. Indivíduos idosos ou muito magros tendem a ter uma creatinina mais baixa, por possuírem menor massa muscular.

Por outro lado, pessoas musculosas como praticantes de halterofilismo podem apresentar uma creatinina um pouco mais elevada sem, no entanto, apresentarem DRC.

No exame de urina pode-se verificar a presença de proteínas, sangramentos ou glóbulos brancos (leucócitos), informações importantes na detecção de inúmeras doenças renais (Leia mais: Conheça os exames de avaliação dos rins e entenda os resultados)

Conheça os estágios da Doença Renal Crônica

nefritesAtravés do valor da creatinina, idade, sexo e raça do paciente o médico consegue fazer uma estimativa aproximada da filtração de seus rins também chamada de Clearance de Creatinina.

A faixa de valor normal do Clearance varia de 90-130 mL/minuto, isto é, a cada minuto que passa, 90-130 mL de sangue são filtrados pelos rins.

Existem outras maneiras para se medir o Clearance de Creatinina, como a dosagem em urina de 24 horas, cujo resultado se aproxima mais do real valor da filtração (Leia mais: Conheça os exames de avaliação dos rins e entenda os resultados).

De acordo com o valor do Clearance, dividimos a Doença Renal Crônica em 5 estágios:

Estágio 1 (Clearance 90-130 mL/min): fase mais precoce da doença em que não há alteração de filtração, mas o paciente já apresenta sinais de lesão renal, como presença de proteínas ou sangue na urina. Se não forem tomados os devidos cuidados, poderá progredir para o estágio 2.

Estágio 2 (60-89 mL/min): nesta fase já existe um comprometimento leve da filtração renal, mas o paciente não apresenta sintomas.

Estágio 3 (30-59 mL/min): nesta fase o paciente já deverá ser acompanhado por um nefrologista, pois o grau de comprometimento da filtração é moderado e podem começar a surgir problemas como anemia e doença óssea (Leia mais: Reconheça os sintomas da Doença Renal Crônica). A partir do estágio 3, os pacientes podem evoluir com perda progressiva da função renal, uns mais lentamente, outros de maneira mais rápida.

Estágio 4 (15-29 mL/min): fase em que existe uma grave perda de filtração, quase todos os pacientes apresentam algum sintoma e os exames laboratoriais mostram várias alterações, como ácidos no sangue, aumento de potássio, fósforo e PTH, redução dos níveis de cálcio e hemoglobina (sinal de anemia) . Quando o clearance se aproxima de 20 mL/min, deve-se providenciar a confecção de uma Junção de uma artéria em uma veia, realizada através de uma pequena cirurgia. O sangue da artéria, que possui um fluxo mais alto, passará para a veia, que tem uma localização mais superficial, facilitando assim a punção com as agulhas da hemodiálise. A máquina de hemodiálise exige um fluxo de sangue mais elevado, o que não seria possível se colocássemos as agulhas numa veia simples, sem a fístula. Após ser confeccionada, a fístula deverá ficar sem uso por no mínimo 1 mês para que se desenvolva. Recomenda-se que o paciente realize exercícios apertando uma bolinha com as mãos para ajudar nesse desenvolvimento. Para dialisar através da fístula, 2 agulhas são colocadas em 2 pontos diferentes, por uma delas o sangue será puxado pela máquina e através da outra será devolvido ao paciente. É preferível que o paciente com Doença Renal Crônica dialise pela fístula ao invés do cateter, pelo menor risco de infecções, entre outras vantagens. Preparando o paciente para iniciar hemodiálise. Devem ser esclarecidas ao paciente as opções de tratamento caso seus rins parem de funcionar: Hemodiálise, Diálise Peritoneal ou Transplante Renal. Se o paciente tiver um doador vivo para realizar o transplante, podemos já iniciar o estudo desse doador.

Estágio 5 (Clearance < 15 mL/min): fase terminal, o paciente deve iniciar alguma modalidade de diálise ou fazer o transplante de rim. Nesta fase a maioria dos pacientes apresentam sintomas como náuseas, vômitos, descontrole da pressão, perda do apetite e emagrecimento. Em alguns casos, há redução da quantidade de urina, levando a inchaços e falta de ar pelo acúmulo de líquido nos pulmões.

Se o paciente não vinha em tratamento da anemia desde os estágios 3 e 4, pode-se chegar na fase terminal com uma anemia tão grave a ponto de necessitar transfusão sanguínea.

A elevação do potássio e a acidez no sangue, alterações laboratoriais comuns nesta fase, aumentam as chances do paciente apresentar uma arritmia cardíaca e, em alguns casos, até ir a óbito.

O papel do nefrologista é acompanhar pacientes com doença renal crônica, de preferência desde o estágio 1 e obrigatoriamente desde o estágio 3, para impedir ou retardar sua progressão para fases mais avançadas.

Descubra o que pode causar doença renal crônica

A Hipertensão Arterial (“Pressão Alta”) e o Diabetes são as 2 principais doenças que podem levar o paciente a desenvolver doença renal crônica (DRC).

Confira outras causas de DRC:

  • Glomerulonefrites, popularmente conhecidas como “nefrites”
  • Doença Renal Policística ou rins policísticos
  • Infecções Urinárias de repetição, principalmente aquelas associadas à obstrução do canal urinário
  • Cálculos urinários de repetição, principalmente os cálculos coraliformes ou aqueles que obstruem a via urinária por período prolongado
  • Uso prolongado de antiinflamatórios
  • Doenças da próstata
  • Lúpus eritematoso sistêmico e outras doenças reumáticas
  • Mieloma Múltiplo
  • Doenças renais congênitas (“de nascença”)

O paciente que apresenta alguma dessas doenças possui maior risco para desenvolver DRC, portanto, deverá realizar um check up dos rins pelo menos uma vez ao ano e iniciar um acompanhamento regular com o nefrologista.

Saiba mais sobre o tratamento da Doença Renal Crônica

Infelizmente ainda não existe nenhum medicamento que faça reverter a doença renal crônica (DRC). As “cicatrizes” provocadas no rim pelas doenças citadas anteriormente são lesões irreversíveis.

As pesquisas para se descobrir um tratamento para reverter a DRC estão em andamento no mundo todo, mas até o momento ainda não há nada disponível para uso na prática clínica.

Então, já que a cura não pode ser alcançada, o objetivo do tratamento da DRC é impedir o avanço da doença ou pelo menos retardar sua progressão.

O papel do nefrologista é acompanhar os pacientes renais crônicos desde os estágios iniciais da doença na tentativa de desacelerar a perda de filtração e prevenir as complicações próprias da doença como anemia e doença óssea.

Quanto mais precoce se iniciar o tratamento, maiores são as chances de preservar a função dos rins por mais tempo.

No Brasil a Hipertensão Arterial (“Pressão Alta”) é a principal causa de perda renal e necessidade de hemodiálise. Em segundo lugar vem o Diabetes. Como são doenças que geralmente não causam sintomas, tenha o hábito de medir regularmente sua pressão e a glicose (açúcar) no sangue !

sobre-hipertensao1O controle rigoroso da pressão arterial é um dos primeiros passos no tratamento da DRC. Sabe-se que pressões acima de 140 x 90 são agressivas para o rim, coração e vasos sanguíneos. Para aqueles pacientes que já possuem alguma doença renal, o ideal é manter sua pressão em até 130 x 80 .

Outro pilar importante no tratamento da DRC é o controle adequado do Diabetes. Medidas da glicemia (açúcar no sangue) acima dos valores normais estão relacionadas a lesões de vários órgãos como os rins, coração, retina, nervos e vasos sanguíneos.

Você sabia que o excesso de proteínas na urina é agressivo para seus rins ?

Algumas doenças como as nefrites e o diabetes provocam perda de proteínas na urina, favorecendo a progressão da doença renal crônica. Felizmente já existem vários medicamentos usados para diminuir essa perda. Pergunte ao seu nefrologista qual é o melhor medicamento para você.

Se você tiver diabetes, pergunte ao seu médico se apresenta perda de proteínas na urina!

O paciente com DRC também deve evitar uso de medicamentos tóxicos para os rins como antiinflamatórios, contraste a base de iodo (usado em tomografias e outros exames de imagem) e alguns tipos de antibióticos (Leia mais: Medicações tóxicas ao rim).

7 mudanças de Estilo de Vida para rins mais saudáveis

Confira abaixo algumas mudanças nos seus hábitos e estilo de vida que fazem parte do tratamento para retardar a progressão da Doença Renal Crônica.

  1. Ingerir menos sódio (sal)
  2. Evitar consumir proteínas em excesso
  3. Emagrecer se estiver acima do peso
  4. Evitar alimentos gordurosos
  5. Praticar exercícios físicos regularmente
  6. Evitar excessos de carboidratos, principalmente se for diabético, estiver acima do peso ou possuir parentes com diabetes
  7. Parar de fumar
Descobri a Doença Renal Crônica em estágio avançado, e agora ?

Como a doença renal crônica (DRC) causa sintomas somente em estágios avançados, é comum existirem pacientes que só diagnosticaram a doença quando já se encontravam em estágio 4 ou 5.

Infelizmente, nestas fases já não há muito o que se fazer em termos de prevenção de progressão da doença, pois os rins já apresentam muitas lesões.

Mesmo assim, o nefrologista possui um importante papel nesse estágio pois pode:

  • Controlar sintomas como inchaço, falta de ar e fraqueza
  • Melhorar a anemia com medicamentos como a Eritropoietina e o Ferro
  • Tratar a doença óssea
  • Controlar com medicamentos os níveis de potássio, cálcio, fósforo e ácidos no sangue
  • Orientar dieta para que a quantidade de potássio, fósforo e proteínas fique adequada
  • Explicar ao paciente quais são as terapias de substituição do rim: Hemodiálise, Diálise Peritoneal ou Transplante Renal
  • Preparar o acesso vascular para iniciar hemodiálise ou diálise peritoneal
  • Preparar o paciente e um possível doador de rim para realização de um transplante renal
  • Preparar o paciente para ser inscrito para transplante com doador falecido, caso não possua doador

Após receber as explicações sobre as terapias de substituição do rim, o paciente deve decidir junto com o nefrologista qual modalidade de diálise se adequa melhor ao seu caso e a sua rotina diária.

Quando a filtração dos rins estiver abaixo de 20 mL/minuto (Leia mais: Conheça os estágios da DRC), o nefrologista irá solicitar confecção de uma Fístula Arterio-Venosa

Caso o paciente possua um ou mais doadores de rim, o nefrologista poderá iniciar os estudos com os candidatos para escolher o doador mais adequado.

Além disso, o paciente deverá realizar uma série de exames antes do transplante para verificar se está em condições de ser submetido a uma cirurgia desse porte (Transplante Renal – Conheça mais sobre esse tratamento).