Conhecida também como “nefrite”, é um grupo de doenças renais que ocorrem quando há uma lesão nos glomérulos, unidades microscópicas de filtração do sangue dentro dos rins.
Cada rim possui cerca de um milhão de glomérulos, que são formados por um “novelo” de pequenos vasos sanguíneos por onde passa todo o sangue do corpo para ser filtrado (Figura 1).
Figura 1
As toxinas e substâncias em excesso ultrapassam a membrana dos glomérulos para serem posteriormente eliminadas na urina. Já moléculas grandes como as proteínas praticamente não conseguem passar essa membrana, por isso uma urina normal quase não contém proteínas.
O mesmo ocorre com os glóbulos vermelhos (hemácias) do sangue, ultrapassam muito pouco a membrana dos glomérulos.
Portanto, devemos suspeitar de uma glomerulonefrite quando existe uma grande quantidade de hemácias ou sangue na urina e também quando há excesso de proteínas na urina.
Casos de Doença Renal Crônica na família sem uma causa definida
Figura 2
Não é obrigatória a presença de todos estes sinais ao mesmo tempo, mas na ocorrência de qualquer um deles, procure um nefrologista para realizar uma investigação.
A urina se torna espumosa pela presença de proteínas em grande quantidade, secundária a lesão do glomérulo. Esse excesso de proteínas é prejudicial aos túbulos renais, podendo causar lesões irreversíveis.
A perda constante de proteínas na urina faz com que o paciente fique com uma baixa concentração de proteínas no sangue, levando a retenção de líquidos no corpo.
Para facilitar o entendimento, imagine como se as proteínas tivessem o poder de reter os líquidos dentro dos vasos sanguíneos. Como nas nefrites as proteínas sanguíneas estão baixas, os líquidos acabam extravasando para fora dos vasos e se acumulando por todo o corpo.
Nas nefrites em que ocorre uma grande perda de proteínas na urina, o paciente começa a reter líquido até nos pulmões, causando uma grave dificuldade para respirar.
Infelizmente muitas glomerulonefrites são silenciosas, ou seja, não causam sintomas até que o paciente tenha perdido quase toda a função renal e já esteja com Doença Renal Crônicaavançada.
Nesses pacientes assintomáticos, só conseguimos fazer o diagnóstico através de exames de urina. Por isso, pacientes de risco para desenvolver uma nefrite deverão realizar periodicamente um check up renal com um nefrologista.
As Glomerulonefrites podem ser classificadas em primárias, quando ela aparece por uma predisposição genética ou por outra causa ainda não conhecida pela Medicina, ou secundárias, quando existe uma outra doença causando a nefrite.
Confira aqui algumas das doenças causadoras de nefrites:
Lúpus Eritematoso Sistêmico, ou simplesmente Lúpus
Diabetes
Obesidade Mórbida
Câncer
Hepatite B
Hepatite C
HIV
Faringite (infecção de garganta) ou infecção de pele (impetigo) pela bactéria Streptococcus
Endocardite (infecção no coração)
Amiloidose
Granulomatose de Wegener
Alguns medicamentos/drogas também podem ser causadores de glomerulonefrites:
Ao diagnosticar qualquer tipo de nefrite, é necessário saber se ela é primária ou secundária, pois os tratamentos são diferentes. Enquanto que na primária trataremos a nefrite em si, na secundária teremos que tratar a doença causadora da nefrite.
Aconselhamos aqueles pacientes que apresentam sintomas sugestivos a procurar um nefrologista. Se o quadro clínico for compatível com uma glomerulonefrite, o paciente deverá realizar uma série de exames para confirmação do diagnóstico e para excluir causas secundárias.
Os exames irão mostrar se o paciente está perdendo sangue e proteína na urina e mostrarão também como está a função renal. No entanto, não é possível diferenciar entre um tipo de nefrite e outra somente com os exames de sangue e urina.
Hematúria (urina com sangue)
Para isso é necessária a realização de uma biópsia renal. Somente com a biópsia é que podemos falar com certeza qual tipo de glomerulonefrite o paciente apresenta e iniciar o tratamento dirigido.
A biópsia renal é um procedimento simples, rápido e seguro. São retirados de 2 a 3 fragmentos de um rim, geralmente o esquerdo, e enviados para análise no microscópio.
Diante do resultado, o nefrologista poderá decidir qual será o melhor tratamento. Muitas vezes a biópsia mostra um rim já com várias “cicatrizes”, nesses casos as chances de sucesso ao tratamento são menores.
Se a nefrite for secundária, deve-se tratar a doença causadora da lesão renal: se for infecciosa tratar as infecções, se for diabetes, controlar melhor as glicemias, se for medicamentoso, suspender a medicação.
Medidas gerais como controle da pressão arterial e redução da proteinúria (proteína na urina) são de extrema importância em todos os pacientes com glomerulonefrite. Para isso, usamos alguns tipos de medicamentos antihipertensivos que possuem ambas as funções.
Sabe-se que quando as proteínas estão nos túbulos renais, elas podem causar lesões irreversíveis nos rins. Por isso, a diminuição da proteinúria é essencial para prevenção de lesão renal.
Modificações na dieta também são importantes, como reduzir ingestão de sódio (sal), evitar excessos de proteínas e não ingerir alimentos ricos em colesterol.
Quanto ao tratamento específico da nefrite, geralmente são utilizados medicações imunossupressoras, que reduzem a atividade do sistema imunológico. A escolha do medicamento mais adequado dependerá do tipo e da gravidade da nefrite. Somente o médico nefrologista poderá indicar qual o melhor tratamento para cada caso.
A duração do tratamento no geral é prolongada, variando de 3 a 24 meses, dependendo do tipo de nefrite. Às vezes a doença não responde ou responde parcialmente ao primeiro medicamento dado, sendo necessária a troca da medicação, o que faz prolongar ainda mais a duração de tratamento.
As Glomerulonefrites se caracterizam por períodos de atividade e remissão. Consideramos remissão quando o paciente fica livre de sintomas e há normalização dos exames de urina. O objetivo do tratamento é alcançar a remissão completa e deixar a nefrite fora de atividade.
Os medicamentos imunossupressores podem causar muitos efeitos colaterais como: infecções, diabetes, hipertensão, ganho de peso, infertilidade, osteoporose, diarréia, anemia, etc.
Medidas gerais como controle da pressão arterial e redução da proteinúria (proteína na urina) são de extrema importância em todos os pacientes com glomerulonefrite. Para isso, usamos alguns tipos de medicamentos antihipertensivos que possuem ambas as funções.
